quinta-feira, agosto 21, 2014
quinta-feira, julho 31, 2014
sábado, outubro 12, 2013
segunda-feira, setembro 30, 2013
sexta-feira, março 15, 2013
quarta-feira, fevereiro 13, 2013
esse-estar-bem-com-todas-as-coisas
E flutuas de visão em visão
nas redes da luz crepuscular
coleccionando espantos e temores
porque é tua a legação do mundo
- o eterno sono das neblinas -
procuras a docilidade do santo
a pequena graça matinal
esse-estar-bem-com-todas-as-coisas
no teu sonho de outro lugar.
(...)"
Paulo Teixeira in "Inventário e despedida"
domingo, janeiro 27, 2013
sábado, julho 14, 2012
terça-feira, junho 05, 2012
quinta-feira, maio 31, 2012
domingo, maio 20, 2012
segunda-feira, maio 14, 2012
terça-feira, abril 03, 2012
cada instante do tempo
Crucificam-me e eu tenho de ser a cruz e os pregos.
Estendem-me a taça e eu tenho de ser a cicuta.
Enganam-me e eu tenho de ser a mentira.
Incendeiam-me e eu tenho de ser o inferno.
Tenho de louvar e de agradecer cada instante do tempo.
O meu alimento é todas as coisas.
O peso exacto do universo, a humilhação, o júbilo.
Tenho de justificar o que me fere.
Não importa a minha felicidade ou infelicidade.
Sou o poeta.
Jorge Luis Borges, in "A Cifra"
Tradução de Fernando Pinto do Amaral
terça-feira, março 06, 2012
segunda-feira, janeiro 16, 2012
quarta-feira, dezembro 28, 2011
sexta-feira, dezembro 16, 2011
sexta-feira, dezembro 09, 2011
sábado, novembro 26, 2011
terça-feira, novembro 22, 2011
sexta-feira, novembro 18, 2011
as poucas alegrias que tive no mundo
Devo à paisagem as poucas alegrias que tive no mundo. Os homens só me deram tristezas. Ou eu nunca os entendi, ou eles nunca me entenderam. Até os mais próximos, os mais amigos, me cravaram na hora própria um espinho envenenado no coração. A terra, com os seus vestidos e as suas pregas, essa foi sempre generosa. (...)
Miguel Torga, in "Diário (1942)"
domingo, outubro 23, 2011
quinta-feira, outubro 20, 2011
quinta-feira, outubro 06, 2011
sucumbido com o dia na palma da mão
(.....) (.... ) Falamos a linguagem
do Inverno com as árvores, lembrando o que é ramo,
o que é caule, até ás raízes da impaciência serena.
Eis tudo o que nos chega prometido nas cores
confundidas no crepúsculo, reflexo supérstite do mundo
sucumbido com o dia na palma da mão.
Paulo Teixeira
in "Inventário e Despedida"
domingo, setembro 25, 2011
domingo, setembro 18, 2011
segunda-feira, agosto 15, 2011
quarta-feira, julho 27, 2011
quinta-feira, julho 14, 2011
recorto as sílabas da palavra urgência
e vejo um corpo a pairar numa derrota
sem bússola e pardo de eclosões
baralho as peças da palavra urgência
e o tremor da rapidez sem fôlego
faz surgir a mesma e exacta palavra
entendo assim todas as mensagens insondáveis
que rodeiam um objecto apenas para provar
que tudo começa com um signo bem gravado
Dinarte Vasconcelos, in "A viagem - a casa"
domingo, julho 10, 2011
sexta-feira, julho 01, 2011
domingo, junho 19, 2011
sábado, maio 21, 2011
terça-feira, maio 10, 2011
as coisas findas
Memória
Amar o perdido
deixa confundido
este coração.
Nada pode o olvido
contra o sem sentido
apelo do Não.
As coisas tangíveis
tornam-se insensíveis
à palma da mão
Mas as coisas findas
muito mais que lindas,
essas ficarão.
domingo, maio 08, 2011
a eternidade existe
devagar, o tempo transforma tudo em tempo
o ódio transforma-se em tempo, o amor
transforma-se em tempo, a dor transforma-se
em tempo
os assuntos que julgámos mais profundos,
mais impossíveis, mais permanentes e imutáveis,
transformam-se devagar em tempo
por si só, o tempo não é nada
a idade de nada é nada.
a eternidade não existe.
no entanto, a eternidade existe.
(....)
José Luís Peixoto
quinta-feira, maio 05, 2011
terça-feira, maio 03, 2011
domingo, abril 10, 2011
quarta-feira, abril 06, 2011
quinta-feira, março 17, 2011
sexta-feira, março 11, 2011
sábado, março 05, 2011
domingo, fevereiro 13, 2011
náufrago do tempo incerto
Pela dor amassada em lágrimas
nasces devagar asa desfolhada
no recanto letárgico do sono
ninguém te nomeia és tu
náufrago do tempo incerto e amargo
amarrado à tua ilha branca
abres as mão à madrugada
o tacto imerso da luz desce lento
o contorno das casas ritos gestos e gritos
habitam devagar a tua voz
cresces suave contra a parede
de violência cresces inteiro
contra o instinto da morte
A. J. Vieira de Freitas
quarta-feira, fevereiro 09, 2011
terça-feira, janeiro 18, 2011
sexta-feira, janeiro 07, 2011
segunda-feira, novembro 29, 2010
quarta-feira, novembro 24, 2010
sexta-feira, novembro 19, 2010
segunda-feira, novembro 15, 2010
hormigas de espanto y licor de lirios
(...)
Amigo,
despierta, que los montes todavía no respiran
Y las hierbas de mi corazón están en otro sitio.
No importa que estés lleno de agua de mar.
Yo amé mucho tiempo a un niño
que tenía cien años dentro de un cuchillo.
Despierta. Calla. Escucha. Incorpórate un poco.
El aullido
es una larga lengua morada que deja
hormigas de espanto y licor de lirios.
Ya viene hacia la roca. ¡No alargues tus raíces!
Se acerca. Gime. No solloces en sueños, amigo.
(...)
Federico García Llorca