Alma de Jardineira

quarta-feira, novembro 30, 2005

Segurelha

A segurelha fica em flor, espalhando o seu aroma por todo o Jardim.
A minha segurelha é um bom remédio para a
Alma.

segunda-feira, novembro 28, 2005

Saudade

Saudade. Tal como esta saudade lilás, eu ansiava pela
chuva.
Chove e nós dançamos. Felizes, apesar de tudo.

domingo, novembro 27, 2005

Sinos

De folhas e flores aveludadas, os sinos dominam parte do meu
jardim imaginário.
Deixo-os tanger à vontade, com a condição de não me acordarem
dos meus sonhos.

sexta-feira, novembro 25, 2005

Boca de Jarro

O jarro e a folha trocam mimos, amparam-se. Fico a vê-los enquanto
conversam e sinto um pouco de inveja.

quinta-feira, novembro 24, 2005

Pessegueiro inglês

Encontro o pessegueiro inglês coberto de flores cor-de-rosa.
Escuras por fora, claras por dentro.
Gosto da deliciosa ambiguidade deste pessegueiro
que não dá pêssegos.

terça-feira, novembro 22, 2005

Ameixeira

A um canto do Jardim tenho uma árvore
muda e branca.
Junto à ameixeira solto um grito de espanto pela Beleza de tudo.

segunda-feira, novembro 21, 2005

Solipas

Graças a estas solipas consigo voltar a ser pequenina.
Só na infância é que todos os jardins
eram ladeados por flores destas.

Rosa

Acredito na perfeição da rosa. Mesmo sabendo dos espinhos.
A perfeição não é seda; antes a mistura de tudo.
Na proporção exacta (apenas) da rosa
vive a perfeição.

Mimos

Perturbada com a beleza dos mimos, levo as mãos às orelhas.
Uso os brincos invisíveis de todas as princesas que
já fui.

domingo, novembro 20, 2005

Carqueja

Os bons jardineiros não deixam que nasça carqueja nos jardins.
Mas ela é tão parecida com a minha vida.
Gosto de amarelo e estou habituada aos espinhos.

sábado, novembro 19, 2005

Mal-me-quer

Mal me quer. Bem me quer. Muito. Pouco. Nada.
Gira a roda da vida, sem dispensar nenhuma destas variantes.

sexta-feira, novembro 18, 2005

Abundância


São ervas, dizem. No meu jardim,
porém,
chamo flores à abundância de tudo o que não tenho.

Malvas

Se é verdade que malvas são lágrimas
veremos
qual de nós tem mais chuva nos olhos.

quinta-feira, novembro 17, 2005

Azálea de louça


Sensível às pequenas coisas do mundo, a azálea de louça aceita-me.
Compreende
a minha atracção pelos sentimentos.

quarta-feira, novembro 16, 2005

Camélia

Na solidão do verde, a camélia vai-se desdobrando em pétalas de
complexidade. Eu também.

Corações

A estes corações sem idade peço que consolem o meu. Eles resignam-
-se, conhecendo porém a impossibilidade.

terça-feira, novembro 15, 2005

Lírios brancos

Os lírios selvagens deixam que os plante no meu jardim. Parecem
frágeis mas mantêm a força da pureza inicial e branca.

Isabelinhas


O meu Jardim imaginário tem isabelinhas iguais a estas. Não pre-
cisam dos meus cuidados, sou eu que preciso delas para ser Feliz.