Alma de Jardineira

quarta-feira, novembro 14, 2007

Eterno



(...)
Eterna é a flor que se fana
se soube florir
é o menino recém-nascido
antes que lhe dêem nome
e lhe comuniquem o sentimento do efêmero
é o gesto de enlaçar e beijar
na visista do amor às almas
eterno é tudo aquilo que vive uma fracção de segundo
mas com tamanha intensidade que se petrifica e nenhuma força o resgata
é minha mãe em mim que a estou pensando
de tanto que a perdi de não pensá-la
é o que se passa em nós se estamos loucos
é tudo que passou, porque passou
é tudo que não passa, pois não houve
eternas as palavras, eternos os pensamentos; e passageiras as obras.
(....)

Carlos Drumond de Andrade,
in "José Fazenddeiro do Ar - Novos poemas"

2 Comments:

  • Quando sopramos e testamos a fragilidade das coisas... mesmo em fragmentos, a eternidade continua.

    By Blogger carteiro, at 4:34 da manhã  

  • Nunca encontrei uma luz tão bonita nem tanto brilho, em nenhum lado do mundo, em ninguém. E nunca encontrei cores tão puras nem jardins nem flores nem palavras com tanto sentido. Espero que tudo isto, que este teu percurso tão bonito nas palavras, na vida e no exemplo que nos dás todos os dias, tenha sempre esta imensa capacidade de mudar um bocadinho o mundo. Eu tenho a certeza que tem.

    Obrigado por fazeres do mundo um lugar tão especial. Parabéns por estes dois anos do blog, escrito do fundo desse tesouro tão, mas tão bonito que está dentro de ti.

    Um milhão de beijos pequeninos, com estrelas de todas as galáxias e palavras de todas as cores.

    Gosto muito, muito de ti :)

    (e mais uma vez, apenas menos que as tuas próprias, o poema que TU escolheste deixa-me sem palavras)

    By Anonymous Anónimo, at 3:02 da tarde  

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