Alma de Jardineira

sábado, maio 21, 2011

as divindades do bosque

(....)
Mas o vento é um invasor impiedoso
destrona as divindades do bosque

José Tolentino Mendonça

terça-feira, maio 10, 2011

as coisas findas


Memória

Amar o perdido
deixa confundido
este coração.

Nada pode o olvido
contra o sem sentido
apelo do Não.

As coisas tangíveis
tornam-se insensíveis
à palma da mão

Mas as coisas findas
muito mais que lindas,
essas ficarão.

Carlos Drummond de Andrade

domingo, maio 08, 2011

a eternidade existe

devagar, o tempo transforma tudo em tempo
o ódio transforma-se em tempo, o amor
transforma-se em tempo, a dor transforma-se
em tempo

os assuntos que julgámos mais profundos,
mais impossíveis, mais permanentes e imutáveis,
transformam-se devagar em tempo

por si só, o tempo não é nada
a idade de nada é nada.
a eternidade não existe.
no entanto, a eternidade existe.

(....)

José Luís Peixoto

quinta-feira, maio 05, 2011

à procura de um país de árvores

Ainda espero o amor
como no ringue o lutador caído
espera a sala vazia
(...)
Não discuto o que fizeram de nós estes anos
a verdade é de outra importância
mas hoje anuncio que me despeço
à procura de um país de árvores
(...)

José Tolentino Mendonça

terça-feira, maio 03, 2011

a esperança


Quem teve a ideia de cortar o tempo em fatias,
a que se deu o nome de ano,
foi um indivíduo genial.

Industrializou a esperança, fazendo-a funcionar no limite da exaustão.


Carlos Drumond de Andrade