Alma de Jardineira

quinta-feira, novembro 27, 2008

Nuvens correndo num rio



Nuvens correndo num rio
Quem sabe onde vão parar?
Fantasma do meu navio
Não corras, vai devagar!

Vais por caminhos de bruma
Que são caminhos de olvido.
Não queiras, ó meu navio,
Ser um navio perdido.

Sonhos içados ao vento
Querem estrelas varejar!
Velas do meu pensamento
Aonde me quereis levar?

Não corras, ó meu navio
Navega mais devagar,
Que nuvens correndo em rio,
Quem sabe onde vão parar?

Que este destino em que venho
É uma troça tão triste;
Um navio que não tenho
Num rio que não existe.

Natália Correia

Os anjos que conheço são de erva e de silêncio



Os anjos que conheço são de erva e de silêncio
nalgum jardim de tarde. Mas quais os mais ardentes?
(....)

António Ramos Rosa

quinta-feira, novembro 20, 2008

cresceu-me uma pérola no coração



(...)
punha-me a olhar a risca de mar ao fundo da rua
assim envelheci... acreditando que algum homem ao passar
se espantasse com a minha solidão

(anos mais tarde, recordo agora, cresceu-me uma pérola no coração. mas estou só, muito só, não tenho a quem a deixar.)
(...)

Al Berto

E ao anoitecer



e ao anoitecer adquires nome de ilha ou de vulcão
deixas viver sobre a pele uma criança de lume
e na fria lava da noite ensinas ao corpo
a paciência o amor o abandono das palavras
o silêncio
e a difícil arte da melancolia


Al Berto

quarta-feira, novembro 19, 2008

Amo as horas sombrias do meu ser



Amo as horas sombrias do meu ser
em que os meus sentidos se aprofundam;
nelas encontrei, como em velhas cartas,
o meu dia a dia já vivido,
ultrapassado e vasto como uma lenda.


Elas me ensinam que possuo espaço
p´ra uma intemporal segunda vida.
E por vezes sou como a árvore
que madura e rumorosa, sobre uma campa
cumpre o sonho que a criança de outrora
(abraçada por suas cálidas raízes)
perdeu em tristezas e canções.


Rainer Maria Rilke . Tradução de Ana Haterly

Breve encontro

Este é o amor das palavras demoradas
Moradas habitadas
Nelas mora
Em memória e demora
O nosso breve encontro com a vida


Sophia de Mello Breyner Andresen
in "O nome das coisas"

domingo, novembro 09, 2008

Outono

As cores, os cheiros, os sabores.
No Outono
TUDO
é especial.

quarta-feira, novembro 05, 2008

Exposição


Convido todos os leitores a visitarem a exposição de fotografia que está patente na Galeria da Casa do Povo do Caniço até 14 de Novembro.
Em exposição estão nove trabalhos meus, nove do Roquelino Ornelas e nove do Virgílio Nóbrega. Apareçam. Durante a semana, a galeria está aberta das 16h às 18 h.