Alma de Jardineira

sexta-feira, novembro 30, 2007

Caminhos (in)seguros

Nem sempre

Existe onde nos agarrarmos
na beira dos caminhos

Às vezes

na beira dos caminhos
só existem precipícios

terça-feira, novembro 27, 2007

Seda e espinhos

Quanto mais suave a seda,
Mais afiados os espinhos.

Os dois lados de tudo.

segunda-feira, novembro 26, 2007

Sonho

Sonho. Sempre. Sonho. Sempre. Sonho. Sempre. Sonho.

sábado, novembro 24, 2007

Sapatinho

Este é o meu primeiro sinal
do Natal

O sapatinho que vai desdobrando as folhas
devagarinho
sob a chuva de Novembro

quinta-feira, novembro 22, 2007

Protecção

Tenho a alma dentro de uma flor

chove tanto chove

o mundo começa hoje - em mim


Uma mão invisível - sinto
afaga-me todos os

Sonhos

quarta-feira, novembro 21, 2007

Invernos

Resigno-me aos dois Invernos
Ao de lá de fora e ao de cá de dentro

Chegaram em simultâneo.

terça-feira, novembro 20, 2007

Quietude

Começa o frio, a chuva cai

Estar quieto é uma bênção

uma semente germinando (sou)

domingo, novembro 18, 2007

(Não posso adiar o amor para outro século)


Não posso adiar o amor para outro século
não posso
ainda que o grito sufoque na garganta
ainda que o ódio estale e crepite e arda
sob montanhas cinzentas
e montanhas cinzentas

Não posso adiar este abraço
que é uma arma de dois gumes
amor e ódio
não posso adiar
ainda que a noite pese séculos sobre as costas
e a aurora indecisa demore
não posso adiar para outro século a minha vida
nem o meu amor
nem o meu grito de libertação
não posso adiar o coração

antónio ramos rosa

sábado, novembro 17, 2007

Morte

Nem todas as plantas

Precisam de ser regadas.

Algumas vivem um instante.

sexta-feira, novembro 16, 2007

Ensaião

Após ensaios de voo, decidiu ficar.

Ruínas

Paredes do passado

Janelas sobre o futuro

O presente respirando, parado

quinta-feira, novembro 15, 2007

Festa

Obrigada.
Este jardim (imaginário) faz hoje dois anos.

e
As vossas visitas transformaram
todos os dias

numa Festa
maior.

quarta-feira, novembro 14, 2007

Eterno



(...)
Eterna é a flor que se fana
se soube florir
é o menino recém-nascido
antes que lhe dêem nome
e lhe comuniquem o sentimento do efêmero
é o gesto de enlaçar e beijar
na visista do amor às almas
eterno é tudo aquilo que vive uma fracção de segundo
mas com tamanha intensidade que se petrifica e nenhuma força o resgata
é minha mãe em mim que a estou pensando
de tanto que a perdi de não pensá-la
é o que se passa em nós se estamos loucos
é tudo que passou, porque passou
é tudo que não passa, pois não houve
eternas as palavras, eternos os pensamentos; e passageiras as obras.
(....)

Carlos Drumond de Andrade,
in "José Fazenddeiro do Ar - Novos poemas"

terça-feira, novembro 13, 2007

Corações

Porque o Amor é
o mais

estranho

e o mais bonito
lugar do mundo

domingo, novembro 11, 2007

Leveza

Sem peso. Sem espaço. Sem tempo.
Às vezes

os sonhos têm esta aparência.

sexta-feira, novembro 09, 2007

Arte

Até o mais
simples
elemento da Natureza
pode fazer da vida
uma

obra de Arte

segunda-feira, novembro 05, 2007

Fonte

(Ainda que)
Quase imperceptível

sem palavras
e
esquecida

a fonte continua a jorrar

domingo, novembro 04, 2007

Olho

Deixo-me observar
pelo olhar do
tempo.

Não fujo.

sábado, novembro 03, 2007

Memória

A criança que eu fui
sentia
um grande fascínio
por esta planta de bolas encarnadas.

Os adultos repetiam e repetiam:
- Não ponhas na boca, tem veneno.
Eu obedecia.
(e dentro de mim)
Agradecia a segurança dos passos guiados.

sexta-feira, novembro 02, 2007

Saudades

Hoje
as Saudades
são assim. Iguais a esta árvore florida

em Londres.